terça-feira, 4 de setembro de 2012

Cassação do prefeito de Esperantina Chico do PT é destaque em mídia nacional



O famoso e muito bem visto diga-se de passagem, blog do Noblat, das organizações O Globo, destacou em sua matéria do dia 03 de setembro a situação da política de Esperantina.

Veja na integra:



Data venia... por Ricardo Noblat

É com gosto de jiló no céu da boca, de mandioca-roxa e de beringela crua que passo a contar a história nada edificante de um prefeito do PT cassado pela Justiça Eleitoral do seu Estado.

E de dois ministros do Supremo Tribunal Federal que por omissão, palavras e obras contribuíram até aqui para que o prefeito permanecesse no cargo, dando-se até ao luxo de concorrer a novo mandato em outubro próximo.


O prefeito atende pelo nome de Francisco Antônio de Souza Filho, o Chico do PT. E a cidade que ele governa se chama Esperantina.


Com menos de 40 mil habitantes, ela existe há 90 anos e fica no norte do Piauí, a 174 quilômetros de Teresina. Seu orçamento anual é de quase R$ 56 milhões, sendo que R$ 36,5 milhões são repassados pelo governo federal.


Quando o atual senador Wellington Dias (PT) se reelegeu governador do Piauí em 2006, Chico foi nomeado Secretário de Articulação e Gestão.


De longe era o secretário mais poderoso. Ambicionava governar Esperantina a partir de 2008. E para facilitar sua eleição, arrancou de Dias dinheiro e obras para a cidade.


Esperantina ganhou pontes, poços artesianos e ruas asfaltadas.


Os programas de assistência social do governo estadual foram ampliados ali para atender ao maior número possível de pessoas - de preferência eleitores.


Chico derrotou meia dúzia de adversários - entre eles o prefeito da época, candidato à reeleição.


A porta do inferno se abriu para Chico assim que ele tomou posse.


O Ministério Público Eleitoral pediu sua cassação por "abuso do poder político" e de "prática de conduta vedada". As obras feitas às pressas na cidade configuraram "abuso de poder político". E o fato de Chico ter alardeado que era o pai das obras, "prática de conduta vedada".


No dia 28 de fevereiro de 2011, por quatro votos contra três, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Piauí cassou os diplomas de Chico e do seu vice.


Afastado do cargo de imediato, Chico entrou com ação cautelar no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Pediu a concessão de liminar para reocupar o cargo enquanto recorresse da decisão do TRE.


A liminar foi concedida pela ministra Nancy Andrighi no dia 30 de junho daquele ano. Quase seis meses depois, o TSE começou a julgar o recurso especial impetrado por Chico contra a decisão do TRE.


Nancy "proveu" o recurso. Em linguagem de leigo, acatou-o. Um a zero para Chico. O ministro Gilson Dipp, não. Um a um. O ministro Marcelo Ribeiro pediu vista do processo.


Em 28 de fevereiro deste ano, ao devolver o processo, Marcelo acatou o recurso. Os ministros Carmem Lúcia e Arnaldo Versiani, não.


Placar no fim da sessão daquele dia: três votos contra a pretensão de Chico de reaver o mandato cassado um ano antes pelo TRE do Piauí; dois votos a favor.


Aí foi a vez do ministro Marco Aurélio Mello pedir vista do processo.


São sete os ministros titulares do TSE. Com quatro votos se decide qualquer parada.


Um mês depois, Marco Aurélio devolveu o processo e "desproveu" (rejeitou) o recurso, cassando Chico.


O voto que faltava ser dado não faria a menor diferença. O placar final seria 5 x 2 ou 4 x 3.


O dono do voto que faltava, ministro Ricardo Lewandowski, era o então presidente do TSE.


O que ele fez?


Pediu vista do processo no dia em que Marco Aurélio o devolveu - 29 de março.


No dia 18 de abril esgotou-se o mandato de Lewandowski à frente do TSE. Ele passou o cargo para a ministra Carmem Lúcia. E foi embora sem votar o recurso de Chico. O julgamento ficou inconcluso.


Reunido no dia oito de maio, o TSE despachou o recurso para o ministro que ocuparia a vaga de Lewandowski.


Quem mesmo?


José Antonio Dias Toffoli, ministro substituto no TSE, que costumava votar na ausência de algum titular.


Toffoli estava familiarizado com os assuntos tratados ali. O recurso de Chico lhe foi entregue no dia 11 de maio. E esquecido por Toffoli até hoje no fundo de alguma gaveta.


É o que os advogados chamam, por gozação, de "embargo de gaveta".


Enquanto isso...


Enquanto isso Chico lidera as pesquisas de intenção de voto para prefeito. Garante a seus eleitores que vencerá a batalha no TSE.


Só haveria uma chance de isso acontecer: se algum ministro que rejeitou o recurso mudasse de lado - difícil. E se Toffoli acatasse o recurso. Bem...

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