Sabe aquela história que você não agüenta mais ouvir falar? Que um meio não acaba com o anterior, que ele recicla, reage e tal e tal e tal…Pois não é que vou entrar nessa conversa novamente? E quase que pela porta dos fundos, meio que soprando naquelas brasas que o Adoniran cantava que ainda tinham muito fogo pra dar. Pois é…a ficha que agora cai para alguns pensadores digitais ou pitonisas do futuro, é que o tal futuro, aquilo que ninguém pode afirmar nada, pois quando for checar já mudou de novo, precisa respirar nas raízes, nos fundamentos, naquilo que até o teu avô já sabia: no Rádio.
Não é papo – isto é, só um pouco.
Pela segunda vez leio nesses dias que a Internet pra poder evoluir e de fato, se aproximar mais das pessoas, para falar mais coisas relevantes, tem que cada vez mais se espelhar no Rádio.
É o Rádio que sabe seguir as pessoas, que vai junto, informa, distrai, orienta, dá dicas, alivia o tempo sozinho e ainda presta serviços o tempo todo.
Acho legal que as pessoas pensem assim agora, por mais que o mundo tenha mudado. Se a gente parar e pensar, vai ver que várias coisas que hoje a gente diz que são interativas, já estavam no Rádio, só não sabíamos que se chamava assim.
Pegue as músicas. A maioria das emissoras ligadas na audiência sempre deixa para os ouvintes a escolha das 10 + e quanto mais eles pedem, mais são tocadas.
Em que lugar é mais comum você conseguir falar com o veículo de comunicação, não só pra pedir música, mas sobre o trânsito, reclamar do buraco, do prefeito que mentiu, comentar sobre o jogo, a novela,… e tua voz está lá. Aliás, cantando junto – só que no carro, em casa, no Ipod e por aí vai.
O Rádio está sempre em reciclagem – falo tanto como empresa (pois luta pra sobreviver), quanto no modelo de programação ao vivo. O Rádio, quando ao vivo, não tem passado, tudo é momento, instantâneo, à la Lulu Santos, é como uma onda no mar, em movimento constante – no fundo, realiza o que as equipes de jornalismo pela Internet sonham em ser.
Só que no Rádio é pela voz, por gente, por sentidos e sentimentos, onde o jeito de falar direciona, simplifica e envolve demais. E ele fala, repete, detalha, simplifica, comenta…Tanto que o “fato” é só a primeira questão, o ponto de partida, pois daí em diante, a repercussão da notícia e as diferentes visões é que vão compor o todo.
Quem diria…O mundo não dá voltas? Quem melhor enxergou, anteviu, foi o grande e dialético Millôr Fernandes: “O homem é um animal que adora tanto as novidades que se o rádio fosse inventado depois da televisão haveria uma correria a esse maravilhoso aparelho completamente sem imagem.” Genial! Assim era o Millôr.
*Geraldo Leite
Sócio-diretor da Singular, Arquitetura de Mídia.
fonte: blog do JJ
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