E dentro de você?
“Hoje que seja esta ou aquela, pouco me importa. Quero apenas parecer bela, pois, seja qual for, estou morta.”
Por muitos séculos as mulheres foram colocadas atrás das portas e das janelas e não viviam. Sobreviviam. Só viam a vida passar pelas frestas, sucumbidas pelo poder masculino que sempre dominou o espaço público e reservou à elas o espaço doméstico, como um “animal” de estimação adestrado que lava, passa, cozinha e... faz sexo. E por falar nisso, quantas mulheres ao longo da saga da humanidade ignoraram que o sexo produz outra coisa além de filhos?
“Já fui loura, já fui morena, já fui Margarida e Beatriz. Já fui Maria e Madalena. Só não pude ser como quis.”
O sexo e os prazeres sempre foram livres para o homem. A mulher prá casar e ser dona-de-casa tinha que ser casta. As outras, o contrário. E essas é que davam prazer ao homem pai-de-família exemplar, empreendedor, político. Mas também eram desprezadas por estes e estas. O homem sempre foi público, no público. A mulher, privada... na privada, privada de tudo. Os prazeres, masculinos. O afazeres, femininos. A mulher era criada para ser dona-de-casa. O homem, para o estudo, a política, o comércio e exercer o domínio sobre elas.
“Que mal faz, esta cor fingida do meu cabelo, e do meu rosto, se tudo é tinta: o mundo, a vida, o contentamento, o desgosto?”
E onde estão muitas delas? Nos serviços domésticos, nos trabalhos de menor complexidade, de menor visibilidade e salário mais baixo. Quem está nos postos de poder? Os homens, na maioria. Quando são mulheres, via de regra não cumpriram a dupla jornada de trabalho, não foram donas-de-casa. Tinham uma dublê. E por isso estudaram, galgaram patamares, disputaram o espaço social, econômico e político com os donos do poder. Atrás de uma grande mulher, tem sempre uma “pequena” mulher. E atrás de um grande homem, muitas mulheres: a mãe, a professora, a esposa, a amante, a empregada doméstica, a secretária.
“Por fora, serei como queira a moda, que me vai matando. Que me levem pele e caveira ao nada, não me importa quando.”
Mas... por que os homens parecem ser contra as mulheres? Que perigo eles acham que as mulheres representam? Tod@s buscam companheirismo, carinho, atenção, parceir@! Que barreira pode existir entre um e outro? E por que as mulheres insistem em reproduzir os conceitos e preceitos machistas com @s filh@s? Que medo elas também tem?
“Mas quem viu, tão dilacerados, olhos, braços e sonhos seus e morreu pelos seus pecados, falará com Deus.”
O mundo mudou. Boa parte das mulheres mudaram. E as outras? E os homens? Quantas Mulheres existem em sua vida? E o que você tem feito para melhorar a vida delas?
“Falará, coberta de luzes, do alto penteado ao rubro artelho. Porque uns expiram sobre cruzes, outros, buscando-se no espelho.” (Poesia: Mulher ao espelho – Cecília Meireles)
Willekens Van Dorth
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